Nos tempos de faculdade de medicina, durante a universidade, minhas principais preocupações eram sobre em qual hospital eu faria residência médica, em que instituição eu teria emprego e quanto seria meu salário.
Com a rápida evolução do cenário da medicina e dos sistemas de saúde, muita coisa já não é tão sexy como no passado, entretanto, algumas verdades continuam válidas, e você, médico ou médica, precisa conhecer.
Dentro da minha cabeça de jovem, eu imaginava que o sucesso era algo intrinsecamente ligado ao capital financeiro e que muita gente tinha “sorte” de ter menores necessidades de dinheiro do que eu. Aprendi ao longo dos últimos 20 anos que o sucesso é uma trilha longa, sinuosa, de evolução de cultura e que premia os mais resilientes. Sucesso não é sprint é maratona.
E o mais importante, o ganho de capital intelectual e capital social precedem o capital financeiro.
Se contarmos todas as vagas de residência e dividirmos pelo número total de médicos no país, o resultado é 8%. Quando eu me formei, em 2003, menos de 6 mil médicos se graduaram e havia 120 escolas médicas no Brasil. Em 2022, quase 42 mil médicos se graduaram e o país conta com algo entre 360 e 380 escolas médicas, dependendo da fonte pesquisada.
O custo para se formar médico fica entre 400 mil Reais a mais de 1 milhão de Reais, nas faculdades de medicina privadas, e isso apenas considerando os custos com as mensalidades. Adicione a isto aluguel, livros, alimentação e outros custos recorrentes. Estas instituições ofertam 358% mais vagas (2022 versus 2003) e hoje compreendem 80% do total de faculdades de medicina. A oferta de mão de obra cresceu e como se comportou a demanda por médicos?
Bem, a população brasileira em 2025 crescerá 10x menos do que o crescimento da população médica. Portanto, o ecossistema está muito bem abastecido de médicos, que em sua maioria ficam em regiões metropolitanas, já que as condições de trabalham são melhores.
Em números absolutos, o Brasil é o segundo país com mais escolas médicas no mundo, atrás apenas da Índia. Em termos relativos, considerando a relação de faculdades de medicina por 1 milhão de habitantes, ficamos em quarto lugar, apenas atrás de Bolívia, Cuba e Omã.
Muitos alunos com quem converso se preocupam em fazer um investimento importante na carreira e enfrentar o risco aparente da inteligência artificial.
Se dados – isoladamente – fossem mudar o ecossistema de saúde, o Watson – se lembra o computador da IBM? – já teria o transformado. Isto não aconteceu.
Eu acredito que a inteligência artificial seja benéfica, principalmente para organizar o conhecimento humano e facilitar encontrarmos o que buscamos.
Só para se ter uma ideia, apenas o sistema único de saúde (SUS) possui mais de 70 mil leis, resoluções, regimentos e diretrizes. E o número é cumulativo. É impossível alguém dominá-lo, mas a tarefa fica mais simples para a máquina.
O Brasil provê pouco mais de 3 consultas por habitante por ano no sistema público, enquanto os países da OCDE provêm quase 7. Há espaço para melhorar. No sistema público, cada médico – em média – realiza 2,3 consultas por ano, enquanto no privado o número é 43% maior. Parte desta diferença repousa sobre a tecnologia de ponta empregada no sistema privado de saúde.
A tecnologia também pode ajudar o médico a estabelecer diagnósticos mais precoces para os pacientes, mapear sua jornada e reduzir o desperdício nos sistemas de saúde, cujo valor, é de 50%, aproximadamente. Os programas Dinamizador de Negócios e Formador de Empreendedores endereçam especificamente, estas amplas e ricas temáticas.
A frase não é minha, mas foi guardada com carinho. Seu autor é Jack Ma, um profissional que foi rejeitado por Harvard, não uma vez, mas por dez vezes, e posteriormente fundou nada menos que o AliBaba Group, um dos maiores marketplaces digitais do mundo. É preciso muita confiança e perseverança para se provar ao mundo. Aprendi, com minha amiga, que, no mundo, ninguém te abrirá espaço naturalmente, é preciso que você o conquiste, com competência, dedicação, foco e mérito.
Quando era jovem, ao encontrar uma dificuldade minha primeira reação era reclamar. Reclamar não faz o mundo melhor, a não ser que utilizemos deste diagnóstico para uma ação concreta. A ideia pode ser a faísca necessária para a criação de uma startup, Health tech ou Insurance tech, mas certamente não é suficiente. O que farão os negócios sucederem são suor, repetição de tarefas nem sempre sedutoras e superar continuamente decepções momentâneas.
Felizmente, o Brasil galgou evolução no número de patentes e inovação, uma tímida melhora de mindset, embora ainda muito distante de países como Estados Unidos, Alemanha, Coreia do Sul e Japão.
A formatura da turma de médicos apenas é um marco, o qual enchem nossos pais de orgulho e lágrimas, mas não é a linha de chegada. A formatura dá luz a médicos recém-formados, porém o maior aprendizado ocorrerá a partir deste momento.
Há muito tempo, lembro-me de ter lido um livro sobre bilionários. Não porque eu queria me tornar um deles – o mundo é entediante para bilionários – mas principalmente para entender quais seriam as dicas que eu levaria próximas ao meu coração. Cada um deles atribuía o sucesso a algumas variáveis, umas absurdas, outras meros vieses do vencedor (survivalship bias), porém a única constante que todos mencionaram era tratar educação como investimento e não como custo.
A Illustramus nasceu com este propósito, com a aspiração de transformar a carreira médica por meio do enriquecimento de conhecimento, principalmente por meio do Programa Executivo de Aceleração de Carreira.